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Startup brasileira cria respirador a partir de impressão 3D

Considerado um dos principais hubs de tecnologia do Brasil, o ecossistema de Florianópolis tem na ACATE (Associação Catarinense de Tecnologia) uma de suas principais referências. Em resposta à pandemia global do COVID-19, um grupo de empreendedores de saúde do local vem se reunindo para encontrar soluções que amenizem os efeitos da pandemia.

Leandro Matos, CEO na CogniSigns, Ph.D em neurociência aplicada e faculty de neurociência da Singularity University Brazil integra uma das verticais de negócios da ACATE que busca soluções para o setor da saúde.

“Mensalmente nos unimos para criar ações inovadoras, discutir novos negócios, trazer empresas, então é um grupo bastante ativo. Estamos bastante atentos aos desafios que uma situação de pandemia traz e nosso foco é em criar soluções com agilidade e assertividade”, declara Matos.

Um dos projetos é a criação de respiradores produzidos por impressoras 3D. “Acreditamos que essa iniciativa possa colaborar muito já que um dos grandes gargalos dessa epidemia são os respiradores. Temos a informação de que o governo está comprando quase que a totalidade de aparelhos disponíveis para venda no Brasil e que, inclusive, está pagando à vista – dada a urgência na aquisição. Mas não há aparelhos suficientes. E uma das nossas startups, a Anestech, está bastante empenhada em ajudar”, afirma.

Com o projeto, que é open source, todos os polos de inovação e lugares que possuam impressoras serão capazes de imprimir esse tipo produto em grande escala.

Para entender um pouco mais sobre como funcionaria a interação de tecnologia e inovação com saúde e uma demanda emergencial, falamos com Diógenes de Oliveira Silva, anestesiologista e CEO/Founder da Anestech Innovation Rising, membro da ACATE.

Como a Anestech pode auxiliar na falta de aparelhos respiradores, fundamentais em meio à pandemia do Covid-19?
Diógenes – A Anestech ajuda a coordenar um grupo multidisciplinar voltado à criação de respiradores produzidos por impressoras 3D. Após a notícia do surgimento de uma impressão 3D capaz de apertar um balão (unidade ventilatória) e achar que haveriam meios melhores de ajudar, veio a ideia. Como anestesista, entendo que a iniciativa de pressionar uma unidade ventilatória mecanicamente vai contra algumas regras de ventilação de pacientes de coronavírus, da Organização Mundial de Saúde. A partir daí, fui em busca de uma solução mais alinhada com as diretrizes da OMS. E encontramos uma alternativa de respirador portátil, que cabe na palma da mão, dispensa energia elétrica e também pode ser modificado para ser produzido através de impressoras 3D.

A partir dessas premissas, consegui traçar relação com um material que já havia estudado sobre um respirador mecânico – inventado por um anestesista brasileiro, na década de 50, o Dr. Kentaro Takaoka. Resgatei esse estudo com diversos especialistas, de engenheiros a designers, sob a coordenação de uma outra startup, a Hefesto (especializada em impressão 3D). Em cerca de 8 horas concluímos a engenharia reversa e, agora, entramos em fase de adaptações. Já demos início à impressão das peças e, na próxima sexta-feira (27), teremos o protótipo. Esse projeto é open source e tem apoio do Hospital Israelita Albert Einstein através de seu núcleo de inovação, a Eretz.bio. Ele será disponibilizado, através de uma iniciativa Criative Commons, para que todos possam ter acesso, testarem em suas impressoras 3D e poderem, inclusive, aprimorar o projeto.

Quais parcerias privadas são fundamentais para que esse projeto saia do papel e chegue à população?
Nessa situação de pandemia, toda iniciativa privada é bem-vinda no projeto. Ventiladores respiratórios robustos que funcionarão 24/7 precisam ser impressos em impressoras robustas que estão nas mãos da grande indústria de impressão 3D; não de impressoras domésticas. A Anestech precisou fazer uma ponte entre a capacidade da impressão 3D e a parte clínica, que aborda a capacidade de se ventilar o pulmão de um paciente em estado grave. Junto com outros players, como designers da Antídoto, encontramos um meio termo entre essas duas pontas. Mas parcerias estatais, também podem viabilizar o aperfeiçoamento da engenharia e a produção.

Já existem tratativas com órgãos governamentais que viabilizem a produção de aparelhos respiradores através de impressoras 3D?
Atualmente, o governo não vem trilhando um caminho baseado em inovação – até por ser um terreno ardiloso, inseguro. A decisão foi de ir pelo caminho tradicional, acessando os estoque de ventiladores convencionais e robustos já produzidos. Inclusive, milhares de aparelhos inicialmente produzidos para empresas do ramo foram confiscados e estão sob a tutela do Governo, que administrará essas unidades. Ainda não há essa interação, mas é algo perfeitamente compreensível, pois o governo atua no terreno que conhece e que oferece mais previsibilidade.

Leia também: O que faz as empresas inovadoras? Conheça grandes nomes e o que as diferencia

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Por favor, use meus dados!

Talvez você já tenha ouvido a frase “Os dados são o novo petróleo”. Essa analogia nos faz pensar que o dado é um ativo escasso, difícil de obter, e portanto, de alto valor econômico. Faz sentido. Mas o momento atual pode nos ajudar a refletir e perceber que é mais que isso.

Nove dias antes da OMS (Organização Mundial da Saúde) emitir o alerta sobre a epidemia do novo coronavírus na China, a startup canadense de inteligência artificial BlueDot detectou a doença e os locais onde iria se espalhar.

Ela fez isso usando machine learning para selecionar fontes de organizações de saúde pública, redes sociais e emissão de bilhetes de companhias aéreas. São dados públicos organizados e colocados em um modelo preditivo especialista em infectologias.

Podemos dizer que a BlueDot se tornou a Cambridge Analityca “do bem”. Porque enquanto a influência da Cambridge na eleição de Trump e no Brexit fez aumentar o medo e as ações de privacidade de dados – incluindo a aceleração da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) – o trabalho da Blue nos traz esperança e pode nos ajudar a tomar ações em favor da liberdade de dados.

Liberdade de dados

Embora tenhamos uma certa tendência para um lado ou para o outro, a Privacidade não deveria anular a Liberdade. Afinal, já sabemos que o mundo é mesmo ambíguo. Se não soubermos usar o melhor de cada lado, vamos criar resistências e atrasar soluções que poderiam estar salvando as vidas das pessoas que amamos.

Como cidadão, gostaria de fornecer meus dados (anonimamente) para que outras empresas estivessem fazendo esse tipo de trabalho. Assim, talvez a pandemia global tivesse ficado restrita à epidemia Chinesa detectada pela BlueDot e o impacto nas vidas e na economia teria sido bem menor.

Para isso, a liberdade de dados deve ser vista como uma necessidade da sociedade, e até mesmo ter sua lei específica, como a antônima LGPD. Algumas barreiras para isso acontecer estão relacionadas aos riscos, incentivos e diferenciais competitivos de empresas e consumidores. Se for nesse sentido, essa discussão pode ir longe.

O valor do dado é maior do que o lucro que ele pode trazer para empresas e consumidores

Agora que o mundo está sendo obrigado a se unir, temos a oportunidade de refletir e exergar tudo com novos olhos. Temos tecnologia – vide Inteligência Artificial – que poderia certamente prever e evitar novas crises. Só que o dado é o combustível para isso, lembra?

As empresas que vendem os softwares na nuvem e smartphones já coletam nossos dados e fazem uso comercial próprio deles. Como os governos poderiam criar incentivos corretos para que os dados sejam liberados e usados adequadamente por outras empresas/startups de interesse público?

No ecossistema de startups, está cheio de empreendedores engajados com causas desse tipo, mas eles precisam dos dados para mostrar resultados. No futuro, os biosensores embarcados nos nossos gadgets estarão coletando dados inclusive sobre a nossa saúde. Como isso vai se transformar em benefício para mim e para a sociedade?

São perguntas de hoje, que deveriam estar sendo respondidas agora – antes da próxima crise, seja financeira ou de saúde mundial

A Coréia do Sul foi o país que teve mais sucesso em conter o avanço da COVID-19 porque coletou rapidamente os dados de testes da população. Ainda há empecilhos para que toda a população tenha acesso ao dignóstico imediato. Mas precisou de uma pandemia para que as instituições brasileiras anunciassem a regulamentação da telemedicina.

O uso da tecnologia tem seus riscos, mas eles não devem ser usados para manter nossa sociedade estagnada. Precisamos expandir nossa educação tecnológica para não cairmos mais nas armadilhas retóricas do século passado.

Tente lembrar como nossos avós viam a doação de sangue. Provavelmente com muito medo e desconfiança. Parece que estamos reagindo à “doação de dados” de forma parecida, atrasando a tecnologia que também podia estar salvando vidas (e economias).

O resultado da BlueDot é evidente, claro e incontestável como todo modelo de análise de dados nasceu para ser. Imagine se tivéssemos mais combustível (os dados) para criar novos modelos na área de saúde, educação, alimentação etc. Que mundo lindo seria esse!

Eduardo Ibrahim é Faculty de Inteligência Artificial e Economia Comportamental da SU Brazil

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Lisa Andrews e uma percepção alternativa sobre a pandemia do COVID-19

A future maker e planner Lisa Andrews foi um dos destaques do segundo dia do webinar COVID-19 Virtual Summit.

Andrews trouxe uma percepção alternativa ao promover a polarização dos pontos positivos e negativos em meio a esta pandemia. “Nem sempre os pontos positivos e negativos são óbvios, mas estão sempre lá. O auto isolamento global é um exemplo disso”, afirmou. “Teremos muitas pessoas dedicando mais tempo à família e projeções de melhora nos índices de poluição. Mas também haverá muita solidão e consequente aumento da depressão”.

Como a tecnologia desempenha um papel nisso? – Na visão de Andrews, grandes catástrofes podem levar a avanços tecnológicos. E não faltam exemplos ao longo da história para comprovar essa tese. A gripe espanhola, por exemplo, estimulou a epidemiologia científica a coletar dados de saúde de maneira mais sistemática (levando à abertura de um escritório internacional de combate a epidemias que lançou as bases da Organização Mundial da Saúde).

A Segunda Guerra Mundia, por sua vez, impulsionou a criação do Colossus, considerado o pai dos computadores, assim como o desenvolvimento da tecnologia de radar, precursora de sistemas usados até os dias de hoje, em carros autônomos. A Revolução Verde, em meados do século 20, veio em resposta ao desafio de alimentar a crescente população mundial, combinando tecnologias como os fertilizantes sintéticos e o melhoramento científico de plantas

Assim, em tempos de grande estresse, também experimentamos grandes oportunidades.

Solução colaborativa de problemas – Polarizar alguns dos pontos positivos e negativos auxilia também na busca por avanços na área da saúde.

O coronavírus tem incentivado movimentos de compartilhamento de código e sequenciamento de DNA. Esse pode ser um tremendo ganho para a evolução da medicina. Mas não podemos nos esquecer de que ainda estamos despreparados para esse cenário e que os hospitais já estão sobrecarregados.

Novas situações implicam novas saídas – É o caso da impressão 3D, cujos avanços tecnológicos estão acontecendo significativamente.

“Estamos enfrentando uma interrupção na cadeia de fornecimento de produção mínima. E alguns setores têm olhado para a impressão 3D como alternativa na resolução de alguns dos desafios na cadeia de suprimentos”, aponta Andrews.

Um dos hospitais italianos que ficaram sem as cruciais válvulas para as máquinas respiratórias, por exemplo, adotou a impressão 3D. Em algumas horas, havia centenas de peças impressas e, no dia seguinte, uma impressora 3D foi levada ao próprio hospital para que as válvulas pudessem ser produzidas ali.

Alguns pacientes literalmente morreriam sem esses aparelhos respiratórios, e a tecnologia poderia avançar e avançar.

Como mensagem final, Andrews lembrou um fato que parece inevitável: esta pandemia trará rupturas. Mas todos podemos intensificar e analisar as oportunidades que surgirão a partir dessa nova realidade e tirar o máximo de proveito delas.

“A maioria do turismo mundial irá cessar completamente suas operações. Não sabemos se por três meses, seis meses ou doze meses. Mas, se você está no setor de viagens e turismo, precisa pensar sobre as coisas de maneira diferente. Você pode fazer tours virtuais? Experiências compartilhadas on-line? Esse é o desafio”.

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Coronavírus: cenário atual, futuro da pandemia e o papel da tecnologia

Na tarde de ontem (16), aconteceu a primeira parte do “COVID-19 – The State & Future of Pandemics”, webinar desenvolvido para a disseminação de conteúdo científico e confiável acerca da pandemia que estamos atravessando, causada pelo coronavírus.

Com mais de 20 mil inscritos e a participação de autoridades globais no assunto, o Summit Virtual apresentou pontos de vista complementares para esclarecer as pessoas sobre os impactos do COVID-19 (e qual papel a tecnologia nesse cenário).

Entre os destaque do primeiro dia de programação, o evento reuniu as perspectivas de diversos especialistas do ecossistema de inovação global, dos profissionais na linha de frente dessa pandemia global aos change-makeres em áreas como IA, alimentação, biologia digital e saúde. Veja abaixo algumas das frases de destaque do primeiro dia do evento.

As apresentações na íntegra podem ser visualizadas YouTube da SU.

“Depende totalmente de nós e podemos superar isso apoiando nossas comunidades e ajudando a distribuir informações precisas” – Dr. David Bray

“Hoje, o mundo está unido contra um inimigo comum. Precisamos assumir a responsabilidade e fazer a nossa parte” – Nell Watson

“As medidas de reforço imunológico não substituem as atuais recomendações de distanciamento social, mas certamente ajudam” – Amory B Lovins

“Essa é uma chance para a civilização amadurecer. É hora de nos unir”Raymond McCauley

Para conferir o último dia de discussões do “COVID-19 – The State & Future of Pandemics”, basta acessar o site do evento.

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Comunicado Oficial – Comitê de Prevenção e Cuidados COVID-19 SU Brazil

Com o estado de pandemia de Coronavírus declarado na última quarta-feira, 11 de março, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a SingularityU Brazil gostaria de comunicar a todos que está alinhada com as orientações do Governo brasileiro, do Ministério da Saúde e do Centro de Contingência do Coronavírus do Estado de SP.

Nossa posição é de serenidade, prudência e respeito ao bem-estar público. Estamos preparados para ajudar a combater o Coronavírus e, por isso, estamos divulgando o summit virtual sobre o COVID-19 da Singularity University.

O evento reúne profissionais e especialistas de diversas áreas como Dr. Divya Chander (Neurociência), Dra. Tiffany J. Vora (Medicina & Biologia Digital), Dr. Daniel Kraft (Medicina), Dr. Eric Rasmussen (Resiliência a Desastres, Saúde Global), Raymond McCauley (Biologia Digital), Dr. Mariana Dahan (Identity Management), Dr. David A. Bray (Impacto, Disrupção), Amory B. Lovins (Energia), Dr. Robert Muggah (Segurança, Cidades Inteligentes e Data Visualization), Elie Losleben (Diversidade, Inclusão e Liderança), Dr. Sonny Kohli (Aparelhagem Médica & Wearables), Alex Gladstein (Blockchain, Governança), Jamie Metzl (Futurista), James Ehrlich (Cidades Inteligentes & Meio Ambiente), Charlene Li (Liderança, Disrupção e Customer Experience), Gary Bolles (Futuro do Trabalho), Aaron Frank ((Realidade Aumentada e Realidade Virtual), Peter Xing (Transhumanismo), Lisa Andrews (Finanças e Negócios), Onicio Leal Neto (PhD em Saúde Pública), Christina Gerakiteys (Propósito Transformacional & Impacto), Paul D. Roberts (Innovation Design e Estratégia), Chipp Norcross (VP de Programas de Família & Aprendizado).

O Summit Virtual é gratuito e acontece de 16 a 18 de março pelo link: https://su.org/summits/covid-19-virtual-summit

Com objetivo de preservar a segurança e a saúde de nossa base de clientes, parceiros e colaboradores, estamos redefinindo formatos, cronogramas e rotinas de trabalho de nossas equipes internas e externas.

Por ora, estamos mantendo a data do programa Executive Program que acontece de 28/06 a 02/07 e estamos adiando o evento Exponential Agribusiness Summit que aconteceria em 12 de agosto em Brasília.

Avisaremos sobre a nova data em breve.

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Como a inteligência de dados pode ajudar no enfrentamento do coronavírus

A confirmação de pandemia pela OMS (Organização Mundial de Saúde) abriu um novo capítulo na crise global desencadeada pelo coronavírus. Em um cenário de medo e incerteza, a inteligência de dados pode ser uma ferramenta essencial para coordenar ações coletivas de acesso a informações públicas e tomadas de decisão. É o que diz Onicio Leal Neto, epidemiologista, cientista, PhD em Saúde Pública, pesquisador sênior do departamento de Economia da Universidade de Zurich e cofundador da Epitrack.


Palestrante confirmando do “COVID-19 The State & Future of Pandemics”, summit virtual da Singularity University que acontecerá de 16 a 18 de março (a inscrição é gratuita), Onicio falou com o blog da SU Brazil sobre como a tecnologia pode ser usada para a ajudar governos e organizações a navegar nesse momento de crise.

Qual é o papel da inteligência de dados no cenário apresentada pelo coronavírus?

Não é a primeira vez que a humanidade vivencia uma pandemia, mas talvez seja a primeira vez estejamos atravessando uma pandemia com uma pulverização tão grande de informação através de meios tecnológicos, como temos observado.
E isso, é claro, gera muitos desafios na tentativa de coordenar informações confiáveis, evitar fakenews e fazer uso correto das mídias sociais em uma situação tão crítica como essa do COVID-19. Felizmente, o uso de tecnologias e inteligência de dados no combate a situações como essa não é algo novo. Já existem plataformas que se utilizam de inteligência coletiva na coleta de informações sobre o surgimento ou ocorrência de doenças, há pelo menos 10 anos.

A sociedade tem um papel fundamental no manejo e alimentação de sistemas como esse que preenchem a lacuna que existe entre o adoecimento do indivíduo e o momento em que ele é contabilizado como um caso confirmado, no sistema de saúde. A inteligência coletiva é capaz de gerar uma antecipação em relação a número de casos, por exemplo. E, se conseguimos antecipar uma situação, conseguimos minimizar os danos que essa situação pode causar.

Nos EUA temos movimentos como a “Citizen Scientist Association” que é o envolvimento do público em pesquisas científicas – sejam pesquisas conduzidas pela comunidade ou investigações globais. Educadores, cientistas e gerentes de dados se unem para fomentar a ciência cidadã.

Na Europa, também existem movimentos de ciência participativa em que o cidadão comum é agente imprescindível. Os governos se beneficiam com sistemas como esse, que agem de maneira complementar às abordagens tradicionais. Quando os sistemas atuais de vigilância e saúde em governos (não só no Brasil, mas em outros lugares do mundo) precisam levantar informações em tempo oportuno, sistemas como esses colaboram de maneira rápida.

Como o crowdsourcing e o mobile health podem ser usados em situações como essa?

Crowdsourcing e plataformas de mobile health têm sido muito utilizadas nos EUA, Canadá, Porto Rico, por boa parte Europa e, também, no Brasil. Essas ferramentas demandam que seus usuários forneçam detalhes sobre seus sintomas e, a partir dessas informações, é possível identificar tendências referentes às doenças, gerando mapas de risco.

Essas tecnologias atuam diretamente na antecipação de riscos de ocorrência ou disseminação de surtos de doenças. Viabilizando, assim, um planejamento mais assertivo, para que os danos não sejam tão extensos – como seriam se não tivéssemos uma abordagem como essa.

O Brasil esteve no hall de países que utilizaram essa tecnologia em grandes eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Recentemente, o Governo Federal lançou uma plataforma que solicita informações dos cidadãos sobre seus sintomas com o intuito de mapearem regiões com alguma tendência de ocorrência de surtos.

A parte positiva de uma situação como essa é que a gente começa a ressignificar velhos métodos, velhas estratégias, e começa a buscar inovação na contenção surtos, epidemias e pandemias.


Como a tecnologia pode ser aplicada na resolução direta do desafio atual da sociedade?

A tecnologia em uma situação como essa não se resume à coleta de dados. O usuário não tem apenas a obrigação de fornecer dados sobre a sua saúde.

Sim. Essas tecnologias informam o usuário e passam uma mensagem: você é parte da construção de um cenário de melhoria na saúde pública. O cidadão se vê como parte fundamental na coleta de informações que a comunidade médica e científica utilizarão para definir cenários e diretrizes.

Quando você traz o cidadão para perto e o coloca como ator estratégico na construção coletiva de informações, isso tem um grande ganho: ele se sente parte daquilo e fica muito mais engajado com a situação, ajudando e melhorando sistemas, com dados recorrentes.

A tecnologia tem esse papel de ser um meio para unir pessoas em busca de soluções para situações brandas ou mais críticas, como essa que estamos vivendo. O coronavírus acaba sendo uma oportunidade de mudarmos velhos conceitos e partir para o que de fato pode melhorar essa situação.

Já temos casos de boas práticas em relação ao COVID-19?

Aqui na Suíça, empresas estão começando a pedir para que seus funcionários não venham trabalhar, com o intuito de protegê-los. E, realmente, agora é um momento muito sensível de proteção ao bem-estar coletivo. Então, práticas organizacionais que visam evitar o contato social colaboram no que pode ser um dos principais pilares na contenção do avanço no número de casos.

Se não existe contato entre pessoas doentes – ou pessoas que têm o vírus, mas estão assintomáticas – com pessoas saudáveis, é óbvio que os casos diminuirão. E as empresas precisam entender que, em algum momento, essa interrupção da relação social será necessária. Pelo menos de uma maneira temporária, por um bem muito maior que é evitar a disseminação do vírus.

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Carros voadores: o que falta para virar realidade

Leonardo da Vinci projetou desenhos para um “movimento aéreo em forma de parafuso” na década de 1480, mas o vôo vertical prático não surgiu até meados do século XX. A habilidade de decolar e pousar em qualquer lugar parecia definir o futuro. Na realidade, os altos custos operacionais, o ruído irritante do rotor e o ponto único de falha inatos aos helicópteros impediam que eles se tornassem opções de trânsito acessíveis e amplamente aceitas. As companhias aéreas de helicópteros aumentaram e diminuíram durante as décadas seguintes, e o destino dessas empresas foi sendo traçado pelo aumento dos custos de combustível e alguns acidentes proeminentes.

Os projetos atuais de táxi aéreo elétrico e híbrido-elétrico, possibilitados por melhorias contínuas na densidade de armazenamento de energia e na propulsão elétrica, prometem resolver os problemas fundamentais apresentados pelos helicópteros. Além dos custos de combustível consideravelmente mais baixos oferecidos pelos veículos de decolagem e aterrissagem vertical e híbridos elétricos, os motores elétricos são mais simples e mais baratos de se manter do que os motores de turbina. A propulsão elétrica distribuída – potencializando em torno de quatro a dezenas de rotores energizados separadamente – pode reduzir a emissão total de ruído do veículo e descartar as preocupações com a segurança associadas a um único rotor principal (embora as baterias tenham seus próprios desafios significativos de segurança).

A proposta de valor do trânsito em 3D

Há uma razão pela qual as pessoas com recursos viajam de helicóptero e aviões particulares: é muito mais rápido do que seguir pelas ruas cada vez mais congestionadas, embora o tráfego aéreo seja limitado pelos locais de pouso disponíveis. Comparando uma viagem de carro de 482 km a um voo de avião, o céu é certamente a melhor opção – mas para uma viagem de 32 km pela cidade, como a mobilidade aérea urbana espera oferecer, há muito menos tempo para se economizar.

Mas e se a rota proposta contiver um obstáculo geográfico que impeça viagens rápidas no solo, como o porto de Vancouver – ou condições de tráfego tão ruins quanto Mumbai, São Paulo ou Los Angeles? A Blade Air Mobility, que atualmente oferece serviço na cidade de Nova York, a partir de um heliporto na Baixa Manhattan até o aeroporto JFK (e muitos outros destinos), cobra US$ 200,00 por uma viagem de helicóptero de cinco minutos sobre o East River, que atualmente leva mais de uma hora de táxi ou transporte público.

Obviamente, a experiência da Blade não leva somente cinco minutos para ir de porta em porta, especialmente se o destino final de uma pessoa não é um heliponto ou um aeroporto. Uma vez que incluímos o tempo do trânsito terrestre de e para o helicóptero, além da espera da partida, jornalistas do New York Post descobriram que esse serviço era três minutos mais lento que o transporte público.

A proposta de valor de tempo por dinheiro da mobilidade aérea urbana dependerá da redução do tempo gasto viajando de e para os nós de transporte aéreo e do aumento da produtividade dos passageiros. O transporte aéreo comercial geralmente é desconectado de outras formas de transporte urbano; os aeroportos quase sempre estão além dos limites da cidade – fora do alcance de restrições complicadas de zoneamento e espaço aéreo.

A mobilidade aérea urbana deverá ser adequadamente integrada às opções existentes e futuras de metrô, ônibus e outros meios de transporte público para que a economia de tempo total da viagem ao ar seja realizada. Atualmente, muitas cidades também não têm heliportos suficientes para construir uma rede útil de destinos; um desafio que as empresas de investimento em infraestrutura e desenvolvimento imobiliário estão começando a enfrentar.

Além de gerar economia de tempo, o custo do transporte urbano em 3D para o consumidor deve diminuir para que se torne um mercado digno das avaliações, estimadas na casa dos trilhões de dólares, feitas por analistas.

Blade, Uber e Voom, apenas para citar algumas empresas, reduziram substancialmente o custo do transporte sob demanda de helicópteros, de milhares de dólares por viagem para aproximadamente US$ 200 através da tecnologia, dados, e compartilhamento de viagens. Os veículos elétricos e, eventualmente, a autonomia prometem reduzir ainda mais esse custo, mas isso será suficiente para apresentar uma alternativa viável em termos de custo para carros e transporte público?

A mobilidade aérea urbana também está tentando atingir uma meta de custo móvel, à medida que fabricantes de automóveis e empresas de tecnologia investem bilhões em recursos de direção autônoma, veículos elétricos e recursos avançados de fabricação – todos os quais ameaçam reduzir o custo e a fricção do transporte baseado em carros, que tem a enorme vantagem física de não ter que superar a gravidade. O Uber revolucionou a experiência do carro sob demanda de maneiras inimagináveis ​​há 10 anos. Com o que os táxis aéreos terão que concorrer quando estiverem certificados e prontos para o horário nobre?

Texto traduzido e adaptado do Singularity Hub