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 Quais são as alternativas ao Chat GPT? Conheça 13 opções

O Chat GPT é o novo queridinho de quem usa IA para facilitar tarefas e aumentar a produtividade. Desde criar textos de email marketing até ajudar no recrutamento de candidatos, há muito o que explorar nesse chat conversacional.

Inclusive, para as empresas.

No entanto, muitas vezes, ele pode ser limitado — tanto no seu banco de dados quanto na sua acessibilidade. 

Mas a boa notícia é que existem já várias alternativas ao Chat GPT (algumas até anteriores a ele, mas que não tem tanta fama) e todas elas podem ser usadas quando ele não for  viável.

Se você quer conhecer essas opções, continue lendo o material e descubra!

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Por que usar alternativas ao Chat GPT?

Usar alternativas ao Chat GPT pode ser interessante porque o Chat GPT é limitado em seu uso. Apesar de ter a opção gratuita, ele pode não aguentar toda a demanda e, assim, ficar sobrecarregado e indisponível para o usuário.

Mas além disso, é bom lembrar que algumas soluções oferecem recursos mais avançados, como reconhecimento de voz, suporte para vários idiomas e integração com outros sistemas de atendimento ao cliente, por exemplo.

Outra razão para isso é que algumas alternativas ao Chat GPT podem obter informações e dados atualizados da Internet em tempo real, algo que o Chat GPT não pode fazer — enquanto outros tipos de inteligências artificiais podem.

Vale dizer que toda a sua sua base de dados é limitada a setembro de 2021. Ou seja, o seu conhecimento pré-programado é limitado e, em assuntos atuais, ele não pode fornecer informações. 

Aliás, ele pode gerar informações que não são verdadeiras (mas esse é um problema que também está presente em maior ou menor medida em outras opções de IA também).

13 melhores alternativas ao Chat GPT

Existem várias soluções de chatbot alternativo ao Chat GPT (ou não exatamente um chatbot, mas que tem funções similares). 

Vamos conhecer as melhores alternativas ao Chat GPT de 2023.

Bing AI

bing ai como alternativa ao chat gpt

O nome mais conhecido e associado ao Chat GPT, sem dúvidas, é o Bing AI. Ele é um chat conversacional que funciona ao mesmo tempo como um buscador inteligente.

Mais especificamente, é a tecnologia de inteligência artificial que alimenta o mecanismo de busca Bing da Microsoft. E a ideia é que o Bing também passe a alimentar o Chat GPT com o conteúdo mais recente.

O Bing AI usa o modelo de linguagem GPT-4, da OpenAI, para gerar respostas atualizadas e relevantes para as consultas dos usuários. 

Diferentemente do Chat GPT, ele  oferece recursos como a criação de imagens, com a ajuda do Image Creator from Microsoft Bing — é um serviço experimental que usa o modelo DALL·E, da OpenAI.

Ele também tem a integração direta com o Windows  e um widget para a tela inicial do telefone

YouChat

Menos conhecido que o Bing, mas mais antigo que ele, o YouChat é uma plataforma desenvolvida por ex-funcionários da Salesforce — que também é gratuita.

E no mesmo formato que o concorrente, ele é alimentado pelo GPT-3.5 da OpenAI e tem acesso à Internet e pode obter informações e dados atualizados dos sites que você pesquisa.

Um dos seus destaques vão para a capacidade dele de integrar aplicativos como Reddit e YouTube, nas respostas do chatbot.

O nome para essa funcionalidade em específico é chat “multimodal”. Ela consiste em permitir que chatbot aceite entradas além de texto e forneça saídas além dele também.

Auto GPT

O Auto GPT pode ser entendido como uma variante do Chat GPT. Ele funciona como um aplicativo de código aberto que usa o modelo GPT-4, da OpenAI, para realizar tarefas específicas de forma autônoma.

A grande diferença, inclusive, é essa: autonomia. Nesse formato, você vai apenas definir chatbot como o tema que é do seu interesse, por exemplo, um relatório empresarial.

 Em seguida, o chatbot vai fazer a configuração de todas as tarefas, perguntando e respondendo a solicitações de acompanhamento para a criação desse documento.

É como se ele não precisasse perguntar a você e já seguisse com as próximas perguntas, tornando o processo mais rápido.

O Auto GPT pode interagir com aplicativos, softwares, serviços online e locais, como navegadores da web e processadores de texto também. 

Google Bard

o google bard é uma alternativa ao chat gpt

O Google Bard é a resposta da empresa para o sucesso do Chat GPT e do Bing. Mesmo em fases de testes e disponível em apenas alguns países, ele já é uma grande promessa.

Ele funciona como um serviço de conversação experimental de IA alimentado pelo LAMDA (Language Model for Dialogue Applications). 

O objetivo é bem semelhante ao do concorrente: receber prompts e devolver respostas em escrito contextualizadas e atualizadas. 

O grande destaque dessa ferramenta é que ela vai ser uma revolução dentro da pesquisa do próprio Google. A IA vai aprimorar a experiência do usuário na SERP — mas também em outras áreas, como Analytics.

Outro diferencial é que o LaMDA do Bardo recebe ajuda de pessoas que “anotam” dados para identificar o que é verdade ou não.

StableLM

Mais um nome na concorrência como alternativa ao Chat GPT é o StableLM, ferramenta de código aberto da Stability AI. 

Ele foi disponibilizado no GitHub e é capaz de gerar textos prevendo qual o próximo fragmento de palavra.

No entanto, ele tem algumas limitações de dados em relação à ferramenta da OpenAI. Por exemplo, ele não é treinado na mesma quantidade de informações. 

No momento, o StableLM tem versões de 3 bilhões e 7 bilhões de parâmetros,  mas está com  modelos de 15 bilhões a 65 bilhões de parâmetros previstos para o futuro.

Além disso, ele não responde ao treinamento de reforço que melhora consistentemente a ferramenta. De toda forma, é  uma aposta para o futuro, já que promete evoluir.

Perplexity AI

Minimalista, simples e gratuito, o Perplexity AI é mais uma solução alternativa. Ele responde dúvidas e dá soluções para o dia a dia, atuando como um mecanismo de busca.

Ele é bem focado em ser eficiente para pesquisas, oferecendo menos interação pessoal e personalizada em relação a outros chatbots.

Um dos seus diferenciais é a capacidade de citar as fontes usadas para obter a informação solicitada — o Chat GPT pode fazer isso de forma errônea muitas vezes.

No final do chat ele também oferece algumas outras referências de pesquisas relacionadas ao tema.

Poe

Sete chatbots em uma interface de usuário, o Poe é uma alternativa bem completa em relação ao Chat GPT. Seu criador é o Quora, um site de perguntas e respostas.

Conheça alguns deles.

  • Sage: esse chatbot roda no GPT-3.5 turbo LLM da OpenAI, sendo útil para outros idiomas além do inglês e também para tarefas de programação;
  • Claude Plus e Claude-instant: desenvolvidos pela Anthropic, são ferramentas para instruções de escrita criativa e entregam respostas mais detalhadas (oPlus tem maior suporte para outros idiomas além do inglês). 
  • Dragonfly: sua base é o modelo davinci da OpenAI, sendo útil para respostas curtas e que melhora a qualidade quando se oferece um conteúdo rico dos prompts. 
  • NeevaAI: focado em encontrar informações na internet, sendo um grande competidor do Bing AI.

ChatSonic

Mais um que entra na lista de alternativas ao Chat GPT é o Chat Sonic, desenvolvido pela empresa Write Sonic. 

É uma opção gratuita que também tem a proposta de criação de conteúdo, mas se difere por oferecer pesquisas de dados (inclusive, do Google), imagens e voz em tempo real.

Ele também tem bons resultados em conversas, o que o torna útil para operações de atendimento ao cliente. 

Além disso, oferece integrações de terceiros,ou seja, uma opção de Chat GPT para empresas que desejam integrar o inteligência artificial com o sistema utilizado por elas.

Copy.ai

Na mesma linha do anterior, o Copy.ai (como o nome sugere) tem foco total em copy para redes sociais, blogs, anúncios e sites no geral. Ele faz uso do GPT 3.0 como modelo de linguagem.

É gratuito mas tem uma versão paga. Como a maioria das ferramentas, atua melhor em inglês, mas também pode entregar respostas em português.

 Recentemente, introduziu o chat conversacional nas suas funcionalidades.  Nesse formato, ele consegue entregar informações atualizadas e trazer também as fontes das notícias.

Jasper.ai

jasper é uma alternativa ao chat gpt

Outro tipo de alternativa ao ChatGPT é o Jasper.aI, sendo uma ferramenta IA focada em escrita que ajuda a criar conteúdo para diferentes fins, como blog, redes sociais, e-mail e mais.

Ele usa o modelo GPT-3, da OpenAI, e combina com outros modelos de linguagem para gerar conteúdo exclusivo e personalizado baseado na voz da marca, no tom de voz e nas instruções do usuário.

O forte dele é escrever no modelo do formato do texto, complementando o conteúdo que o escritor coloca na plataforma, a partir do briefing.

A ferramenta recentemente passou a oferecer recursos como chat conversacional. É uma das alternativas ao Chat GPT pagas que pode ser usada por empresas também.

Bloom

O Bloom entra no rol de alternativas ao Chat GPT de código aberto. Esse modelo de linguagem multilíngue oferece sistemas de PNL sólidos mas tem diferenças em relação ao concorrente: foram mais de mil  especialistas em IA para criá-lo.

Isso demandou mais de  384 placas gráficas com uma memória total de 80 gigabytes e 176 bilhões de parâmetros para construir o Bloom. Em outras palavras, um bilhão a mais do que o GPT-3.

O modelo também tem treinamento para linguagem de 46 idiomas e 13 idiomas de codificação. Por outro lado, ele pode processar cerca de 8.000 mensagens por segundo, enquanto o Chat GPT processa 10.000 mensagens

É uma opção atraente para desenvolvedores, oferecendo recursos como scripts dinâmicos para criar aplicativos complexos.

CoPilot

Falando em programadores, o CoPilot do Github  é uma alternativa focada nesse público. Ele conta com recursos de preenchimento automático e automação.

É também compatível com diversas plataformas de codificação, como o Neovim, Jetbrains e VS Code. Seu treinamento contempla todas as linguagens de programação. No entanto, o quanto a resposta de cada linguagem é assertiva depende da popularidade dela. 

Estudantes de programação e semelhantes podem usar o Copilot de maneira gratuita, no entanto, para as demais pessoas, é uma opção paga.

CharacterAI

Para fechar as opções, uma alternativa mais ousada é o CharacterAI. Ele se diferencia por 

permitir os usuários “conversarem” com diferentes personalidades:personagens de filmes e séries, celebridades, políticos e por aí vai.

Alguns desses famosos são Elon Musk, Bille Eilish, Albert Einstein e até mesmo os personagens fictícios Loki ou Tony Stark. 

Além de figuras relevantes, há a opção de conversar com certos tipos de profissionais, como professores, filósofos e psicólogos. Como tem código aberto, os próprios usuários podem criar personagens personalizados. É uma opção totalmente gratuita.

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Conclusão

Bing, Auto GPT, Bard,  Chat Sonic, Bloom e por aí vai. São muitas alternativas do Chat GPT que tem surgido diante do cenário de inteligência artificial generativa.

Por tanto, se você não tem como usar o Chat GPT, não é razão para você deixar de aproveitar os benefícios da IA.

Você está pronto para o futuro e as novas tecnologias? 

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Lições que o futuro nos reserva: o que os maiores futuristas do mundo trouxeram no SXSW

Por Glaucia Guarcello, CIO da Deloitte e professora convidada SingularityU Brazil

Uma das maiores contribuições do SXSW é nos ajudar a pensar o futuro. Neste quesito, Amy Webb é um dos maiores nomes. Sua disputadíssima apresentação teve um ar de preocupação diferente dos anos anteriores. Pela primeira vez, a futurista ressaltou que a convergência tecnológica tem tomado rumos em que a população nao poderá mais ser expectadora, e terá de ter um papel ativo na construção de um futuro melhor para todos. Segundo Amy, para lidar com o nosso futuro, precisaremos ter um estomago forte pois seu report deste ano traz alguns cenários de futuros assustadores.

Um ponto de atenção trazido é a tendencia das empresas se prenderem ao conhecido em momentos de incerteza e de muitos ruídos, como estamos vivendo, e ficarem míopes em relação à realidade e as ações necessárias. Precisamos treinar o olhar para vermos novos padrões.

Em sua apresentação, Amy trouxe 35 das 666 tendencias que seu relatório anual do Future Today Institute produz. Ela também ressaltou quais destas tendências são mais ou menos preocupantes para cada indústria e solicitou à audiência que classificasse as tendências em ações, decisões e monitoramento.

O primeiro cluster foi cloud computing, e a mensagem foi clara: a internet como conhecemos está morta. Esta percepção foi colaborada por outros futuristas da conferência. A internet tem se transformado em algo diferente e se aproximando cada vez mais da comunicação humana. A Web3 tem gerado identidades digitais e descentralização e menos dependência de intermediários e plataformas.

Outro tópico super relevante é a inteligência artificial, que tem se desenvolvido com reinforced learning humano. Porém, ao testarmos as ferramentas de IA em escala existentes, temos percebido que os vieses do nosso mundo físico têm sido replicados para a inteligência artificial. No fim, a IA não nasce com viés, ela é ensinado.

De alguma forma, quem tem treinado essas plataformas continua a embutir racismo, machismo e tantos outros vieses nas ferramentas. Como exemplo, os AI generalists quando solicitados a imaginar uma pessoa CEO, retornam apenas homens e brancos, até mesmo se for solicitado CEO de empresa de absorventes íntimos femininos.

Um risco hoje é o desenvolvimento das formas de lerem dados e do controle do uso desses dados. Quanto mais dados, mais poder computacional para operar. E esse círculo acaba gerando uma IA cada vez mais desenvolvida e com mais necessidade de alguma forma ser minimamente gerida em relação aos seus avanços. A estimativa é que em 2030, a inteligência artificial seja mil vezes melhor que hoje. Pesquisas mostram que até mesmo cheiros tem sido avaliado como dados. Poderemos, num futuro próximo, rastrear pessoas pelo cheiro. Várias empresas,  como o Google por exemplo, já estão investindo nessa tecnologia.

Nos próximos dois anos, a inteligência artificial generativa será o novo normal. Assim como o uso de uma calculadora, precisamos aprender a fazer as perguntas certas e utilizar as ferramentas para prosperar nesse futuro próximo.

Sairemos do “internet of everything” para o conceito de AISMOSIS, uma fusão entre AI e o humano, e dificilmente os reguladores terão tempo suficiente de reagir. Algumas reflexões cruciais são postas à mesa: qual o limite de dados que poderemos usar? Quem ditará isso?

Para os cenários em 2033, o catastrófico tem 80% de chance de ocorrer: informação nos perseguir, sistemas de marketing nos lendo todo o tempo, não teremos escolhas reais e provavelmente não acharemos de forma fácil as informações que queremos.

O segundo cluster foi o metaverso. Segundo Amy, nunca mais pensaremos por nós mesmos. Já existem tecnologias desenvolvimento escaneamento de cérebros para reconstruir imagens vistas, inclusive em mortos. Em pouco tempo esta tecnologia poderá inclusive reconstruir os nossos pensamentos. O Chat GPT ja cria um business plan em menos de 11 segundos. O upskilling agora vira até mesmo  necessidade nas crianças. Nossa sociedade vai funcionar de forma nova.

O cenário para 2038 é de 50% otimista e 50% catastrófico. No otimista, focaremos em upskilling, educação, medicina incrivelmente personalizada, virtual and real care. No catastrófico, usaremos as tecnologias apenas para lucro , aumentaremos a segregação social e tiraremos toda uma parcela da população do mercado de trabalho.

Principais takeaways:

1. Focar e treinar os olhos para os sinais;

2. Usar sempre o frame ação, decisão e monitoramento ao analisar os sinais;

3. A internet como conhecemos acabou;

4. Tudo é informação legível;

5. Entramos a era da computação assistiva;

6. Novas ferramentas não são acessíveis a todos, temos criado uma divisão digital;

7. Todos precisarão de upskilling;

8. As grandes empresas de tecnologia têm se tornado cada vez maiores e mais poderosas;

O Futuro Não-Óbvio

Ao olharmos as tendencias não-óbvias, foco do futurista Rohit Bhargava, a pergunta seria “e se tudo der certo?” e refletir sobre as lições que podemos tirar das coisas que têm tornado o mundo melhor. Segundo ele, as pessoas que entendem pessoas sempre vencem na jornada da humanidade.

Rohit compartilhou soluções como uma luva que, através de eletrodos, ensina a tocar piano em minutos e gera memoria motora no usuário. Também trouxe estudos em monitoramento de diabetes de forma não invasiva. E trouxe algo não intuitivo: o poder do fake!

Por exemplo, a empresa Upside Foods cria carne falsa em laboratório, que é mais saudável, não mata animais e é mais abundante. Há a tendência do couro sintético substituindo o couro real.

E se começássemos a celebrar o que não á autântico? Porque hoje, o não autêntico pode ser muito melhor que o original graças a tecnologia.

O futurista também lançou a byrdhouse, solução que traduz simultaneamente através de AI falas em 71 línguas, o que pode transformar nossa forma de comunicar e gerar conhecimento.

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Demissões nas big techs: confira a avalição dos experts da SU

Nas últimas semanas, a crise macroeconômica tem levado as big techs, como são conhecidas as grandes empresas de tecnologia, a fazer grandes cortes de pessoal. Empresas como Google, Meta e Microsoft anunciaram cortes em massa em seus quadros de funcionários. Neste artigo, dois especialistas da SingularityU Brazil fazem uma avaliação sobre este cenário e apontam o que muda em relação às tendências anteriormente previstas.

Cenário atual

Para Alexandre Nascimento, empreendedor em série e expert da Singularity, as gigantes de Tecnologia saíram de um ciclo longo de valorização de suas ações. “Na minha opinião, sem entrarmos no detalhe do mercado de cada uma, há uma tendência de valorização dessas empresas que se mantinha constante por conta da mudança de paradigma que estamos vivendo e o grau de importância delas na sociedade atual. É possível visualizar essa tendência de crescimento no gráfico histórico de cotação de suas ações pré-pandemia”.

Nascimento afirma que apesar desta tendência de crescimento, durante a pandemia, percebeu-se que essa valorização foi extremamente acelerada. “Houve uma mudança de padrão acentuada, em que as atividades econômicas e as nossas vidas passaram a ter um grau de dependência ainda maior dessas empresas por conta das restrições físicas impostas pelos lockdowns. Isso adicionou um novo fator que acelerou ainda mais esta valorização. Agora, no entanto, como o pior parece ter passado e a vida aos poucos está voltando ao normal, estamos observando uma correção dos valores. Essa inversão, criou uma pressão por otimização e produtividade desses negócios, que estavam numa escala massiva de contratações há muitos anos. Ou seja, neste momento, o que vemos significa apenas uma correção”.

Já para Eduardo Ibrahim, empreendedor e Global Faculty da Singularity, esses cortes foram pensados como uma medida de segurança e proteção para essas empresas. “Fazendo uma contextualização, a necessidade da digitalização ocorrida por conta do isolamento social vivido na pandemia fez com que a demanda dessas empresas de tecnologia crescesse rapidamente, ocorrendo muitas contratações de funcionários”.

Ibrahim acredita que hoje vivemos uma situação em que os preços e as taxas de juros dos bancos centrais mundiais subiram e isto atinge diretamente a capacidade de investimento dessas empresas, fazendo com que elas contenham custos e, consequentemente, “entrem” nesta onda de demissão. “Mas não podemos descartar o investimento crescente em tecnologias cada vez mais presentes em todos os setores da econômica como, por exemplo, Inteligência Artificial e Blockchain”.

Tendências

Para Nascimento, vale ressaltar que, olhando para cada caso, há transformações ocorrendo que também são drivers de uma correção de rumo em cada um dos mercados das gigantes. “Sob a ótica da valorização, houve uma mudança importante, pois nós voltamos a usar mais o mundo físico e o virtual coexiste. Ou seja, aquela aceleração na valorização das empresas está sendo corrigida. No entanto, eu vejo que após esta correção, a tendência é de uma valorização, caso elas continuem fazendo a lição de casa de corrigir constantemente o rumo de seus negócios por meio da inovação em seus mercados”.

Nascimento acredita ainda que “nesse segundo ponto, podemos imaginar que é possível mudar algumas tendências por conta dessas correções. Apenas para ilustrar, TikTok hoje se tornou a fonte de busca de informações para várias pessoas, drenando uma atenção que naturalmente iria para o Google ou para redes sociais tradicionais. Isso mostrou que existia espaço para mudar a forma como as pessoas buscam e consomem informação e drenou receita de propaganda dos players tradicionais”.

Ele explica “por exemplo, projeta-se que a receita de ads vá ultrapassar a receita da Meta em 2027. Ou seja, essas gigantes de TI – que tinham o domínio desta importante fonte de receita – repentinamente, viram um grande risco e estão buscando se adequar. Naturalmente, com o tamanho que atingiram elas perderam competitividade, o que ajudou a fazerem escolhas e, consequentemente, os lay-offs. Outro fator foi o movimento da Apple com o seu sistema operacional que dá mais controle aos seus usuários sobre a privacidade de seus dados, o que também causou a perda de receita de ads para o Facebook e Google, ameaçando o duopólio de ads online. Estima-se que esta mudança tenha custado $10Bi para o Facebook em 2022”.

E conclui, “portanto, a forma de interagir dos usuários, a disponibilidade de informações e o mercado de ads estão mudando. A tendência é vermos outras plataformas aproveitando o momento e desenvolvendo soluções que advoguem mais pelo interesse dos usuários, como a própria Apple fez, por exemplo. E isso, consequentemente, ocasionará a redução desse tipo de receita de algumas gigantes de TI”.

Nascimento traz ainda um outro ponto importante: “as empresas tiveram dificuldade de fazer os funcionários retornarem para os escritórios após o relaxamento dos lockdowns. Muitos queriam manter o trabalho à distância. Vimos esse problema ocorrer com frequência aqui no Vale do Silício. Agora, com as demissões, talvez tenhamos uma reversão nessa tendência. A verdade é que, no geral, o entusiasmo exacerbado com as empresas digitais, incluindo as startups, estão acompanhando esta tendência. Ou seja, elas se ajustam ao novo apetite de investidores diante de um novo cenário de mercado”.

Já no ponto de vista de Ibrahim, os investimentos em tecnologia não devem parar de crescer. “No meu livro, o “Economia Exponencial”, há um gráfico que mostra a diferença de crescimento do PIB de países que investem mais em tecnologia. Esses países se mantêm na frente há anos e isso não deve mudar. Eles têm uma taxa de desemprego menor, quando analisado no longo prazo. Estamos passando por uma transição das estruturas econômicas nunca vista, mas que ocorre em ritmo diferente em cada país. Portanto, os investimentos em tecnologia não devem parar de crescer, mesmo que a velocidade se ajuste ao momento macroeconômico”.

Ibrahim completa afirmando que “a tendência é que cada vez mais empresas tenham inovação e sustentabilidade (ou inovabilidade) em seu core business. Ao passar pelos ajustes dos momentos cíclicos, a tecnologia deverá continuar sendo prioridade para empresas e governos avançarem nas áreas sociais e econômicas nos próximos anos”.

Para finalizar, Nascimento afirma que “outras tendências devem se fortalecer como, por exemplo, a importância das empresas se apoiarem em Inteligência Artificial para evoluir seus negócios e obter sucesso em um novo cenário competitivo. É importante que as empresas entendam que elas precisam, cada vez mais, utilizar esses modelos para apoiar as decisões dos gestores de curto, médio e longo prazo”.

Conheça os experts da SU

Alexandre Nascimento

Alexandre Nascimento é empreendedor em série e visionário. Fundou várias empresas baseadas em aplicações de tecnologias inovadoras tanto no Brasil como no Vale do Silício, onde reside atualmente. Foi diretor da divisão de IoT da Samsung no Vale do Silício. Expert da Singularity University com mais de 20 anos de experiência no desenvolvimento de produtos e plataformas tecnológicas inovadoras. Afiliado à Universidade de Stanford, realiza pesquisas aplicadas em vários temas, como adoção e aplicações da Inteligência Artificial e suas interfaces com outros domínios, como computação quântica, dispositivos autônomos inteligentes e metaverso, buscando entender seus impactos nos negócios. Atuou no desenvolvimento de inovações junto a empresas de diversos setores nos EUA, Europa e Brasil resultando em diversas patentes. Criou uma metodologia para adoção acelerada de inteligência artificial nas empresas e desenvolveu um programa de inovação sistemática para geração de pipeline de produtos inovadores baseado num funil de ventures que tem sido adotado por organizações no Vale do Silício. Alexandre é um PhD com eclética formação acadêmica em negócios, inteligência artificial, engenharia e comportamento humano, tendo passado por instituições renomadas no Brasil e no exterior, como USP, FGV, Renmin University of China, MIT, Berkeley, Harvard e Stanford University. Colunista da MIT Sloan Management Review Brasil e com blog no Link do Estadão, coleciona dezenas de prêmios e publicações nacionais e internacionais entre artigos científicos e livros, tendo feito sua primeira publicação aos 13 anos de idade em um livro para computação.

Eduardo Ibrahim

Executivo e empreendedor com passagens pelas indústrias de energia, transporte, saúde, tecnologia e finanças. Se tornou Faculty da Singularity University depois de fazer parte do programa de inovação mais procurado do mundo no campus da NASA no Vale do Silício, onde incorporou sua primeira empresa de Inteligência Artificial. TEDx Speaker, autor do livro “Economia Exponencial – Da Disrupção à Abundância em um mundo repleto de máquinas” e maior referência do assunto no país. Ele é professor convidado da Escola de Economia de São Paulo e alumni da Harvard Business School. Ibrahim foi o primeiro brasileiro a palestrar no Executive Program Global nos EUA e apresenta uma nova equação de crescimento econômico exponencial demonstrando movimentos disruptivos que estão reconstruindo a economia como conhecemos.

Leia também sobre o impacto do ChatGPT para as empresas.

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Exponential Health ’21

Na última semana aconteceu no Transamérica Expo Center a 21ª edição da HSM Expo. Devido a todos os acontecimentos relacionados à pandemia do Covid-19, as principais decisões corporativas passaram a ser influenciadas pelo contexto da saúde. Realizada dentro da HSM Expo, o Exponential Health SU Brazil apresentar as tendências e tecnologias que irão revolucionar os negócios e o mercado de saúde global nas próximas década.

Foi uma verdadeira imersão no futuro das organizações e carreiras com palestras, workshops, mentorias, rodadas de negócios com startups e experiências de troca e aprendizado entre os participantes.

Vice Presidente de Biologia e Medicina Digital da SingularityU University, Tiffany Vora explorou como as tecnologias exponenciais podem transformar “sick care” em “health care” e mostrou como learning machine, IA, CRISPR e biologia computacional vão transformar nosso sistema de saúde e ter impacto direto na nossa qualidade de vida e no mercado de trabalho.

Habib Frost impactou a plateia com sua apresentação voltada ao futuro da medicina e da biologia digital com uma didática especial na abordagem de tecnologias de edição de genes, CRISPR, robótica e sensores. Conhecido como o mais jovem médico da Dinamarca, formado aos 23 anos, Frost é CEO da Neurescue. Uma empresa que vale a pena ser conhecida.

Os três dias da HSM Expo, maior evento de gestão da América Latina, trouxeram mais de 200 nomes ao palco, compartilhando valiosas lições de empreendedorismo, dicas de gestão e análises de mercado. Você consegue acessar as palestras e entrevistas com os speakers na íntegra na nossa plataforma de streaming de conteúdo corporativo: HSM Experience. Ainda não possui uma conta? Clique aqui e tenha acesso livre a todas as edições!

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Projeto Moonshot visa compreender e vencer o câncer usando mapas de proteínas

Compreender o câncer é como montar um móvel. Ambos começam com peças individuais que constituem o produto final. Para um gabinete, é uma lista de compensados ​​pré-cortados rotulados. Para o câncer, é um livro-razão de genes que, por meio do Projeto Genoma Humano e estudos subsequentes, sabemos que estão de alguma forma envolvidos na mutação, disseminação e, eventualmente, morte de células de seu hospedeiro.

No entanto, sem instruções, pedaços de madeira não podem ser montados em um gabinete. E sem saber como os genes relacionados ao câncer se juntam, não podemos decifrar como eles se “sinergizam” para criar um de nossos mais ferozes inimigos médicos.

É como se tivéssemos a primeira página de um manual da IKEA, disse o Dr. Trey Ideker da UC San Diego. Segundo ele, como esses genes e produtos gênicos (proteínas) estão ligados é todo o restante do manual. O problema é que há cerca de um milhão de páginas e você precisa entender essas páginas se realmente quiser entender as doenças.

O comentário de Ideker, feito em 2017, foi notavelmente presciente. A ideia é aparentemente simples, mas se trata de uma mudança selvagem das tentativas anteriores de pesquisa do câncer: em vez de genes individuais, vamos voltar os holofotes para como eles se conectam em redes para impulsionar o câncer.

Junto com o Dr. Nevan Krogan da UC San Francisco, uma equipe lançou a Cancer Cell Map Initiative (CCMI), um movimento que espia as “linhas telefônicas” moleculares dentro das células cancerosas que orientam seu crescimento e disseminação. Se você os cortar, diz a teoria, será possível cortar os tumores pela raiz.

Esta semana, três estudos na Science liderados por Ideker e Krogan mostraram o poder dessa mudança radical de perspectiva. Em seu cerne estão as interações proteína-proteína: isto é, como as “linhas telefônicas” moleculares da célula se religam e se encaixam enquanto se voltam para o lado escuro do câncer.

Um estudo mapeou a paisagem das redes de proteínas para ver como genes individuais e seus produtos proteicos se aglutinam para causar câncer de mama. Outro traçou a intrincada rede de conexões genéticas que promovem o câncer de cabeça e pescoço.

Juntando tudo, o terceiro estudo gerou um atlas de redes de proteínas envolvidas em vários tipos de câncer. Ao olhar para as conexões, o mapa revelou novas mutações que provavelmente dão um impulso ao câncer, ao mesmo tempo em que apontam as fraquezas potenciais que podem ser almejadas e destruídas.

Por enquanto, os estudos ainda não são um manual abrangente do tipo IKEA de como os componentes do câncer se encaixam. Mas são as primeiras vitórias em uma ampla estrutura para repensar o câncer.

“Para muitos cânceres, existe um extenso catálogo de mutações genéticas, mas falta um mapa consolidado que organiza essas mutações em vias que impulsionam o crescimento do tumor”, disseram os drs. Ran Cheng e Peter Jackson na Universidade de Stanford, que não estiveram envolvidos nos estudos. Saber como eles funcionam “simplificará nossa busca por terapias eficazes contra o câncer”.

Chatterbox celular
Cada célula é uma cidade complexa, com necessidades de energia, sistemas de comunicação e eliminação de resíduos. O segredo para tudo funcionar bem? Proteínas.

As proteínas são burros de carga indispensáveis ​​com muitas tarefas e ainda mais identidades. Algumas são construtoras, incansavelmente estabelecendo trilhos de “ferrovia” para conectar diferentes partes de uma célula; outras são transportadores, transportando cargas por aqueles trilhos de proteína. As enzimas permitem que as células gerem energia e realizem centenas de outras reações bioquímicas de sustentação da vida.

Mas talvez as proteínas mais enigmáticas sejam os mensageiros. Geralmente, eles são pequenos em tamanho, o que permite que eles percorram a célula e entre diferentes compartimentos. Se uma célula é uma vizinhança, essas proteínas são carteiros, enviando mensagens de um lado para outro.

Em vez de enviar correspondência, no entanto, eles entregam mensagens marcando fisicamente outra proteína. Esses “apertos de mão” são chamados de interações proteína-proteína (PPIs) e são essenciais para a função de uma célula. PPIs são basicamente a cadeia de abastecimento da célula, o cabo de comunicação e a economia de energia em uma infraestrutura massiva. Destruir apenas um PPI pode levar à morte uma célula próspera.

PPIs não são gravados em pedra. Voltando à analogia do carteiro, uma única proteína pode ter várias “rotas de correio”, dependendo do status de uma célula. Algumas conexões são benéficas: o resultado final é gerar energia ou varrer o lixo celular. Outras nem tanto, liberando freios moleculares que levam uma célula a um destino canceroso. Interrompa um PPI perigoso e é possível interromper o crescimento ou propagação de um tumor.

Um atlas da via das proteínas
Os novos estudos exploraram os PPIs como uma nova perspectiva para entender o câncer.

Pesquisas anteriores se concentraram principalmente nas alterações genéticas de uma célula à medida que ela se torna cancerosa. Muitas dessas mudanças alteram a paisagem da superfície da célula. Por exemplo, CAR-T, a terapia revolucionária contra o câncer que estimula as próprias células imunológicas de uma pessoa para melhor direcionar os cânceres, depende de marcadores específicos do tumor que pontilham a superfície de uma célula para aprimorar e atacar.

A Cancer Cell Map Initiative muda de genes individuais em direção ao quadro geral: vamos monitorar os PPIs de uma célula, ver como essas interações se reorganizam nos cânceres e encontrar novas proteínas que contribuem para o câncer.

Insira o big data. Um estudo rastreou cerca de 650 proteínas em um tipo de célula envolvida no câncer de cabeça e pescoço, encontrando quase 800 interações entre proteínas. Indo mais fundo, os autores desenvolveram um algoritmo para pescar interações específicas do câncer, encontrando uma grande quantidade de PPIs e proteínas em tumores, muitos dos quais eram desconhecidos.

Esses novos drivers de câncer parecem ativar vias de comunicação específicas, explicaram os autores. Um exemplo é um novo par de proteínas, Daple e FGFR3. Ao se unirem fisicamente, o par pareceu ajudar as células tumorais a migrar, sugerindo que cortar o namoro poderia reduzir potencialmente a chance de disseminação das células cancerosas.

Um estudo separado adotou a mesma abordagem, mas focou no câncer de mama. A mutação para BRCA1 é uma causa genética bem conhecida para o risco de câncer de mama hereditário. Os autores pesquisaram proteínas que interagem com BRCA1 e encontraram uma biblioteca de proteínas candidatas que se agarram a partes de BRCA1 que tendem a sofrer mutação. Uma proteína, a espinofilina, chamou especialmente a atenção da equipe. Embora previamente ligado a outros tipos de tumores, nunca foi implicado no câncer de mama.

“Estamos elevando a conversa sobre o câncer de genes individuais para proteínas, permitindo-nos observar como as mutações variáveis ​​que vemos nos pacientes podem ter os mesmos efeitos na função das proteínas”, disse Ideker.

Um Novo Espelho
PPIs não existem apenas em células cancerosas. Eles executam toda uma gama de funções celulares. Por causa de sua importância, os cientistas há muito documentam essas interações em enormes bancos de dados – um recurso poderoso, mas amplamente inexplorado para a pesquisa do câncer.

“Até o momento, muitos estudos de PPI publicados estão maduros para análises adicionais, mas muitas vezes não foram minados extensivamente”, disseram Cheng e Jackson.

Isso vai mudar. O terceiro estudo combinou dados dos dois trabalhos anteriores – câncer de cabeça e pescoço e câncer de mama – com uma ampla gama de PPIs humanos relatados anteriormente em bancos de dados disponíveis publicamente. Os autores então atribuíram uma pontuação para pares de proteínas humanas para rastrear conjuntos de proteínas dentro de um tipo de célula tumoral – um pouco como mapear sistemas solares em uma galáxia. No geral, eles mapearam quase 400 sistemas diferentes de proteínas em 13 tipos diferentes de tumores, formando um enorme atlas de PPIs. Ao analisar esses mapas, a equipe encontrou várias mutações genéticas antes difíceis de detectar que podem ajudar a propagação do câncer com mais facilidade.

Apesar desses sucessos, nossos mapas de câncer PPI permanecem relativamente rudimentares, capturando apenas uma fração de apertos de mão de proteínas em uma célula. Eles também são estáticos, enquanto os PPIs mudam dinamicamente, semelhante à forma como as redes neurais mudam. No entanto, apenas uma pequena olhada nesses novos mapas já sugere que diferentes tipos de tumores têm um conjunto diversificado e potencialmente característico de PPIs, diferentes das células saudáveis ​​que futuros tratamentos de câncer podem ter como alvo.

“Estamos na posição perfeita para aproveitar essa revolução em todos os níveis”, disse Krogan. “Eu não poderia estar mais animado do que estou agora. Podemos causar tantos danos ao câncer.”

Texto originalmente publicado em SingularityHub.

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É chegada a hora do Facebook declarar “falência moral”?

Na última terça-feira, 05, uma ex-funcionária do Facebook prestou depoimento ao Senado americano apelando para que os parlamentares e integrantes do subcomitê de Proteção ao Consumidor e Segurança de Dados regulamentem a rede social. Frances Haugen é a responsável pelo vazamento de documentos publicados pelo Wall Street Journal no especial de seis reportagens “The Facebook Files”.

A ex-gerente de produtos do Facebook afirma que os documentos provam que o Facebook priorizou repetidamente o “crescimento em detrimento da segurança” dos usuários.

“Quando percebemos que as empresas de tabaco estavam escondendo os danos que causavam, o governo tomou uma atitude. Quando descobrimos que os carros eram mais seguros com cintos de segurança, o governo tomou uma atitude. Eu imploro que vocês façam o mesmo aqui. A liderança da empresa conhece maneiras de tornar o Facebook e o Instagram mais seguros, e não fará as mudanças necessárias porque colocou seus lucros imensos antes das pessoas. É necessária uma ação do Congresso. Enquanto o Facebook estiver operando no escuro, não prestará contas a ninguém. E continuará a fazer escolhas que vão contra o bem comum”

De acordo com Haugen, havia conflitos de interesse entre o que era bom para o público e o que era bom para o Facebook. E a empresa “repetidamente escolhe otimizar a favor de seus próprios interesses”, como ganhar mais dinheiro.

“Quase ninguém fora do Facebook sabe o que acontece dentro do Facebook”, acrescentou. “Informações vitais são omitidas do Governo dos Estados Unidos, de seus próprios acionistas e de governos em todo o mundo para contornar a lei. Os documentos que forneci mostram que eles nos enganam repetidamente em questões como a segurança das crianças, seu papel na disseminação de mensagens odiosas e polarização”

Além da polêmica em torno das denúncias de Frances Haugen, o Facebook vem suscitando um forte debate a respeito do comportamento predatório, tendo comprado Instagram, Messenger e WhatsApp. Juntas, essas redes alcançam metade da população mundial. Isso sem falar nos diversos de outros sistemas e aplicativos que fazem uso do login no Facebook como porta de entrada.

Uma recente pane nos serviços da organização, que durou mais de seis horas, aumentou a pressão pela quebra do monopólio e o questionamento: é razoável que milhões de pessoas dependam de uma única companhia?

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ID_BR: aceleração da igualdade racial no mercado de trabalho

Na última edição do Executive Program da Singularity University Brazil, a fundadora e diretora executiva do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), Luana Génot, trouxe discussões sobre a importância da diversidade racial dentro das organizações, sobretudo para processos de inovação.

A autora do livro “Sim à Igualdade Racial: raça e mercado de trabalho (2019)” provocou os participantes a pensarem sobre o papel dos executivos na construção da igualdade racial e como o impacto positivo não deve ser focado apenas no número de pessoas atingidas (pensando no mantra da SU de impactar positivamente 1 bilhão de pessoas), mas também na qualidade desse impacto, sobretudo em populações historicamente marginalizadas.

Co-líder do Comitê de Igualdade Racial do Grupo Mulheres do Brasil no Núcleo do Rio de Janeiro, Génot está confirmada na 4ª edição do Executive Program e conta para o blog da SU um pouco mais sobre o processo de construção de igualdade racial na prática.

De onde surgiu a ideia de criar um negócio que promovesse a aceleração da igualdade racial no mercado de trabalho?

A ideia surgiu a partir de uma provocação pessoal e de um olhar coletivo. A provocação pessoal tem a ver com olhar para a minha própria trajetória e me ver como uma pessoa completamente capacitada, como executiva, como alguém que tinha um potencial de carreira muito grande, mas que ao passar e transitar pelas empresas se via podada, se via num ambiente tóxico e se via só, sem pares.

Sem ter como pares outras pessoas negras ou indígenas, tanto no mesmo nível quanto acima, na liderança. E uma provocação coletiva porque eu entendi que não era só a minha história. Era a história de outras tantas e outros tantos que tinham seu talento e seu potencial desperdiçados por termos um mercado racista estrutural, que não olha para as pessoas negras e indígenas como aquelas que têm o potencial talento e que podem abraçar a oportunidade de estar ocupando cargos de liderança.

Como se constitui esse modelo de negócio focado na diversidade étnico-racial no mundo corporativo?

O modelo de negócio se estrutura a partir do desenho dos 3 pilares. A gente entende que a promoção da igualdade racial é algo complexo, que não tem só uma solução, como diz Kabengele Munanga. E é algo que complementa ações de políticas públicas e de outras instituições da sociedade civil. Estamos sobre o ombro de gigantes como Abdias do Nascimento e o próprio Estatuto da Igualdade Racial, de 2010, pensando no aparato de leis e de pessoas que vêm lutando por essa pauta já há muito tempo. No entanto, muitas dessas pautas não se dirigiam especificamente ao mundo do trabalho.

O ID_BR veio para reforçar essa pauta da igualdade racial com recorte no mundo do trabalho. Enquanto modelo de negócio, os 3 pilares vêm como 3 fortalezas ecossistêmicas, que permitem que a gente não tenha só uma fonte de receita.

No pilar de Empregabilidade, que é hoje o principal no que diz respeito à arrecadação, temos consultorias para apoiar as empresas na construção de ações afirmativas. Costumamos dizer que mais do que falar não ao racismo, a gente diz sim à igualdade racial, que representa a construção de ações afirmativas para que as empresas mudem através da maneira de recrutar, de reter talentos, discursos de liderança, comunicação, leitura das leis, pautar estatutos, códigos de ética e de conduta. Existem códigos de conduta, por exemplo, que versam que funcionários tenham cabelo liso.

O racismo estrutural está nos detalhes de vários setores das empresas. Então, ajudamos empresas a olharem esses detalhes de uma forma 360°, intersetorialmente, para que a gente possa apoiar na permanência, na retenção e na atração de pessoas negras, na mudança de cultura que vai fazer com que essas empresas, a longo prazo, consigam se conectar ainda mais com a população negra e indígena.

No pilar de Educação, gerenciamos bolsas de estudo, programas e projetos em parceria com empresas, então vendemos esse serviço para as empresas. No pilar de Engajamento, a gente vende patrocínios, ações de engajamento com empresas e instituições para ativar a sociedade, de maneira geral, em prol da promoção da pauta da igualdade racial, um exemplo são as camisetas em parceria com a Hering, em que o Instituto ganha parte do valor destinado às camisetas para poder reverter em ações; além de cotas de patrocínio para os nossos mais diferentes eventos, como o Prêmio e o Fórum, que é gratuito para profissionais, mas é patrocinado. Isso gera receita para o Instituto e conseguimos investir na infraestrutura do evento e nas ações do Instituto.

Passados cinco anos desde a fundação do Instituto Identidades do Brasil, qual a visão de vocês da cultura corporativa antirracista hoje?

Logo no início do ID_BR, a gente via muito no discurso das lideranças afirmando que a promoção da igualdade racial deveria ser algo orgânico e natural, e nós já sabemos que no mundo corporativo todo projeto implementado funciona a base de metas, prazos e investimentos. Então, especialmente depois de George Floyd, houve uma pressão por uma maior intencionalidade em relação à pauta antirracista, com planos de ação efetivos para o desenvolvimento dessa pauta. Houve uma cobrança maior da sociedade, não só pelas publicidades das empresas terem pessoas negras, mas pela presença dessas pessoas dentro das empresas.

As pessoas agora vão no LinkedIn das empresas querendo saber quem está sendo representado, quem representa a empresa, quem são as lideranças. E as organizações vem sendo questionadas quando apenas colocam fotos de pessoas negras, mas não contratam. A sociedade está cada vez mais atenta à cultura corporativa antirracista e à representatividade antirracista dentro do corpo das empresas, é uma conciliação entre quantidade e qualidade.

A gente não quer ver só vários modelos negros nas publicidades, queremos vários lideres nos conselhos de administração, nas altas lideranças, a gente quer ver esse montante também refletido nos fundos que as empresas tiverem, tanto filantrópicos quanto de investimentos, queremos igualdade racial 360°. Isso ainda não acontece no Brasil, mas está em curso e o papel do ID_BR. À medida que as empresas deixam de tomar essa decisão, elas passam a perder mercado, deixando de se comunicar com a maior parte da população brasileira, que é negra e que não consegue ter acesso equânime aos principais cargos dentro do mundo corporativo – mesmo quando há capacitação técnica para estarem ali. Então é todo um processo de convencimento que o Instituto faz na mudança dessa cultura corporativa, que tende a ser lenta, mas a gente quer que acelere.

O ID_BR criou o Selo “Sim à Igualdade Racial”, jornada antirracista que mensura o nível de proximidade das empresas com a pauta e dá suporte no desenvolvimento das atividades. Vocês podem trazer os números do impacto dessa medida?

O Selo Sim à Igualdade Racial é uma jornada antirracista porque acreditamos que não dá pra certificar que uma empresa um dia vai atingir um estágio onde ela é completamente antirracista, ela está sempre em uma jornada. Essa jornada pode ser inicial, intermediária e avançada, que no nosso caso se traduz pelos 3 níveis do selo: compromisso, engajamento e influência.

Hoje, existem 35 empresas participantes e, a maior parte (mais de 30%) é de empresas varejistas nos ramos de bebidas, supermercados e moda. São empresas que sofreram pressão do mercado para que tivessem algum tipo de ação afirmativa. Diretamente e indiretamente, a gente atinge o montante dessas empresas, somadas em termos de empregados, mais de 5 milhões de pessoas, que têm acesso a algum treinamento que a gente dá. Essas pessoas são afetadas direta ou indiretamente pela revisão de políticas que a fazemos no nosso dia a dia. Essa é uma jornada que precisa ser participativa e atingir a ponta, que é o colaborador negro que entra na empresa e se vê diante de novas oportunidades, a partir de revisões de políticas sem as quais não teriam a mesma oportunidade, e é isso que a gente entende como o principal resultado.

A gente recebe mensagens de colaboradores dizendo que conseguem ver um novo projeto de carreira dentro das empresas, depois que as mesmas aderiram ao selo. Há, inclusive, um projeto com o Insper para mensurar os impactos de maneira ainda mais aprofundada, já que o selo é bastante recente e a adesão massiva das empresas também é – especialmente após 2020, com o caso de George Floyd. Mas já notamos que as organizações comprometidas já possuem um investimento (nas cifras dos milhões) direcionados para a população negra. Elas possuem projetos de recrutamento e seleção específicos para a população negra, projetos de retenção e desenvolvimento de carreiras específicos para a população negra, fundos de investimento para projetos negos, e geralmente é o ID_BR que está por trás disso, esse tem sido o impacto dessa jornada.

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Inovação e diversidade: qual é o próximo passo?

A falta da diversidade no ecossistema de tecnologia e inovação ainda é um enorme desafio para organizações de todos os setores. O avanço das pautas de inclusão — e o aumento de iniciativas de formação e desenvolvimento de equipes diversas — é evidente. Mas o perfil dos profissionais de TI ainda não reflete a pluralidade da sociedade atual.

A disparidade permanece sistêmica e pode ser comprovada em pesquisas como a Systemic inequalities for LGBTQ professionals in STEM, realizada pela Universidade de Michigan e pela Temple University. Resultado de um levantamento feito entre 25 mil profissionais de ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, o estudo aponta que apenas 4% dos profissionais de tecnologia se identificam como parte da comunidade LGBTQIA+.

Embora apresentem um recorte do mercado americano, os números refletem uma realidade visível na formação de equipes de tecnologia de corporações e startups do mundo inteiro. O quadro é ainda mais crítico em um país como o Brasil, que deve contabilizar um déficit de 250 mil vagas de TI nos próximos cinco anos, de acordo com o último estudo realizado pela Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação).

A crescente percepção que a diversidade é, acima de tudo, uma ferramenta essencial para a inovação (e para a própria sobrevivência do negócio) vem se apresentando como um dos caminhos promissores para transformar essa realidade. Segundo a última edição da Pesquisa Global de Diversidade e Inclusão, da PwC as questões de diversidade são apontadas como prioridade para 76% das empresas.

Trata-se de uma mensagem poderosa, que começa a ganhar força e capilaridade entre consultorias, comitês internos, conselhos, departamentos de recursos humanos e diversas camadas de liderança, além da própria cobrança da sociedade por inclusão e representatividade. Resta ver quando começaremos a identificar essa mudança de percepção refletida na formação de equipes e na criação de soluções com olhares e vieses realmente plurais. O desafio está lançado.     

Thomaz Gomes é gerente de conteúdo da SingularityU Brazil

Leia também: Como a tecnologia do proptech pode transformar o mercado imobiliário?

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Evolução: “Mini cérebros” cultivados em laboratório sugerem que uma mutação pode ter recriado a mente humana

Como nós, humanos, nos tornamos o que somos hoje é uma questão que os cientistas vêm tentando responder há muito tempo. Como evoluímos essas habilidades cognitivas avançadas, dando origem a uma linguagem complexa, poesia e ciência espacial? De que forma o cérebro humano moderno é diferente do cérebro de nossos parentes evolutivos mais próximos, como os neandertais e os denisovanos?

Ao reintroduzir genes antigos dessas espécies extintas em “minicérebros” humanos – aglomerados de células-tronco cultivadas em um laboratório que se organizam em versões minúsculas de cérebros humanos – os cientistas começaram a encontrar novas pistas.

Muito do que sabemos sobre a evolução humana vem do estudo de fósseis e ossos antigos. Sabemos que os neandertais e denisovanos divergiram dos humanos por volta de 500.000-600.000 anos atrás, e que os últimos neandertais não desapareceram da Europa até cerca de 40.000 anos atrás.

A pesquisa também mostrou que humanos e neandertais se cruzam e que os neandertais eram muito mais sofisticados do que se pensava anteriormente.

Ao estudar o tamanho e a forma de crânios fossilizados, também sabemos que os cérebros de humanos arcaicos eram quase do mesmo tamanho que os crânios humanos modernos, senão maiores, e parecem ter formas diferentes. No entanto, embora tais variações possam estar correlacionadas com diferentes habilidades e funções cognitivas, os fósseis não podem explicar sozinhos como as formas afetam a função. Felizmente, os avanços tecnológicos recentes forneceram um novo caminho para a compreensão de como somos diferentes de nossos parentes extintos.

Homo Sapiens x Neandertais. Fonte: Wikipedia CC BY-SA

O sequenciamento do DNA antigo permitiu aos cientistas comparar os genes dos neandertais e denisovanos com os dos humanos modernos. Isso ajudou a identificar diferenças e semelhanças, revelando que compartilhamos a maior parte de nosso DNA com neandertais e denisovanos.

Ainda assim, em regiões específicas, existem variantes de genes transportados exclusivamente por humanos modernos. Essas regiões de DNA específicas para humanos podem ser responsáveis ​​por características que separam nossa espécie de nossos parentes extintos. Ao compreender como esses genes funcionam, podemos, portanto, aprender sobre as características que são exclusivas dos humanos modernos.

Estudos comparando sequências de DNA arcaicas e modernas identificaram diferenças em genes importantes para a função, comportamento e desenvolvimento do cérebro – em particular genes envolvidos na divisão celular e sinapses (que transmitem impulsos nervosos elétricos entre as células). Isso sugere que o cérebro humano amadurece mais lentamente do que o do Neandertal.

Especificamente, o desenvolvimento do córtex orbitofrontal em bebês, que se acredita estar envolvido na cognição de ordem superior, como a tomada de decisões, pode ter mudado de maneira significativa, mas sutil, desde a separação dos neandertais. Os humanos também atingem a maturidade sexual mais tarde do que seus ancestrais, o que pode ajudar a explicar por que vivemos mais.

Cérebros em crescimento
Há muito tempo não está claro quais mudanças evolutivas foram as mais importantes. Uma equipe de cientistas liderada por Alysson Muotri da Universidade da Califórnia, em San Diego, publicou recentemente um estudo na Science que lançou alguma luz sobre essa questão.

Eles fizeram isso criando mini cérebros – que são conhecidos cientificamente como “organoides” – a partir de células-tronco derivadas da pele. Os organóides do cérebro não são conscientes da maneira como nós somos – eles são muito simples e não atingem tamanhos maiores do que cerca de cinco ou seis milímetros, devido à falta de suprimento de sangue. Mas eles podem emitir ondas cerebrais e desenvolver redes neurais relativamente complexas que respondem à luz.

A equipe inseriu uma versão extinta de um gene envolvido no desenvolvimento do cérebro nos organoides usando a tecnologia CRISPR-Cas9 ganhadora do prêmio Nobel, frequentemente descrita como “tesoura genética”, que permite a edição e manipulação precisa de genes.

Organoide do cérebro humano. Crédito da imagem: NIH / Flickr

Sabemos que a versão antiga do gene estava presente em neandertais e denisovanos, enquanto uma mutação posteriormente mudou o gene para a versão atual que os humanos modernos carregam.

Os organóides projetados exibiam várias diferenças. Eles se expandiram mais lentamente do que os organóides humanos e alteraram a formação de conexões entre os neurônios. Eles também eram menores e tinham superfícies ásperas e complexas em comparação com os organóides humanos modernos lisos e esféricos.

Uma mutação motriz?
O estudo identificou 61 genes que são diferentes entre humanos modernos e arcaicos. Um desses genes é NOVA1, que tem um papel essencial na regulação da atividade de outros genes durante o desenvolvimento inicial do cérebro. Ele também desempenha um papel na formação de sinapses.

A atividade alterada de NOVA1 foi previamente encontrada para causar distúrbios neurológicos, como microcefalia (levando a uma cabeça pequena), convulsões, atraso de desenvolvimento grave e um distúrbio genético denominado disautonomia familiar, sugerindo que é importante para a função normal do cérebro humano. A versão que os humanos modernos carregam tem uma mudança em uma única letra do código. Essa mudança faz com que o produto do gene, a proteína NOVA1, tenha uma composição diferente e possivelmente uma atividade diferente.

Ao analisar os organóides, os cientistas descobriram que o gene NOVA1 arcaico mudou a atividade de 277 outros genes – muitos deles estão envolvidos na criação de sinapses e conexões entre as células cerebrais. Como resultado, os mini cérebros tinham uma rede de células diferente das de um ser humano moderno.

Isso significa que a mutação em NOVA1 causou mudanças essenciais em nossos cérebros. Uma mudança em uma única letra do código do DNA possivelmente desencadeando um novo nível de função cerebral em humanos modernos. O que não sabemos é como exatamente isso aconteceu.

A equipe disse que acompanhará sua descoberta fascinante investigando os outros 60 genes com mais detalhes, para ver o que acontece quando você altera cada um ou uma combinação de vários.

Sem dúvida, é uma área de pesquisa intrigante, com os organóides fornecendo informações importantes sobre os cérebros dessas espécies antigas. Mas estamos apenas no começo. A manipulação de um único gene não captura a verdadeira genética Neandertal e Denisovana. Mas ainda pode ajudar os cientistas a entender como funcionam alguns genes específicos de humanos.

Itzia Ferrer e Per Brattás para SingularityHub.

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À medida que a lei de Moore desacelera, a especialização em chip pode minar o progresso da computação

Por décadas, os chips de computador que executam tudo, de PCs a espaçonaves, pareceram notavelmente semelhantes. Mas, à medida que a Lei de Moore desacelera, os líderes do setor estão adotando chips especializados, que, dizem os especialistas, ameaçam minar as forças econômicas que alimentam nosso rápido crescimento tecnológico.

Os primeiros computadores costumavam ser projetados para realizar tarefas muito específicas e, mesmo que pudessem ser reprogramados, muitas vezes exigiria uma reconfiguração física trabalhosa. Mas em 1945, o cientista da computação John von Neumann propôs uma nova arquitetura que permitia a um computador armazenar e executar muitos programas diferentes no mesmo hardware subjacente.

A ideia foi adotada rapidamente, e a “arquitetura von Neuman” sustentou a esmagadora maioria dos processadores feitos desde então. É por isso que, apesar das velocidades de processamento muito diferentes, o chip em seu laptop e um em um supercomputador operam mais ou menos da mesma maneira e são baseados em princípios de design muito semelhantes.

Isso fez dos computadores o que é conhecido como “tecnologia de uso geral“. Essas são inovações que podem ser aplicadas a amplas áreas da economia e podem ter impactos profundos na sociedade. E uma das características dessas tecnologias é que normalmente se beneficiam de um ciclo econômico virtuoso que aumenta o ritmo de seu desenvolvimento.

À medida que os primeiros usuários começam a comprar uma tecnologia, ela gera receita que pode ser investida em novos produtos de desenvolvimento. Isso aumenta as capacidades do produto e reduz os preços, o que significa que mais pessoas podem adotar a tecnologia, alimentando a próxima rodada de progresso.

Com uma tecnologia amplamente aplicável como os computadores, esse ciclo pode se repetir por décadas, e de fato repetiu. Essa tem sido a força econômica que impulsionou a rápida melhoria dos computadores nos últimos 50 anos e sua integração em quase todos os setores imagináveis.

Mas em um novo artigo na Communications of the ACM, os cientistas da computação Neil Thompson e Svenja Spanuth argumentam que esse ciclo de feedback positivo está chegando ao fim, o que pode em breve levar a uma indústria de computação fragmentada, onde alguns aplicativos continuam a ver melhorias, mas outros conseguem preso em uma pista lenta tecnológica.

A razão para essa fragmentação é a desaceleração do ritmo de inovação em chips de computador caracterizada pela morte lenta da Lei de Moore, dizem eles. À medida que nos aproximamos dos limites físicos de quanto podemos miniaturizar os chips de silício dos quais todos os computadores comerciais dependem, o tempo que leva para cada salto no poder de processamento aumentou significativamente e o custo para alcançá-lo aumentou.

Retardar a inovação significa menos novos usuários adotando a tecnologia, o que, por sua vez, reduz a quantidade de dinheiro que os fabricantes de chips têm para financiar novos desenvolvimentos. Isso cria um ciclo de auto-reforço que torna a economia dos chips universais menos atraente e retarda ainda mais o progresso técnico.

Na realidade, os autores observam que o custo de construção de fundições de chips de última geração também aumentou dramaticamente, colocando ainda mais pressão sobre a indústria. Por algum tempo, a incompatibilidade entre o crescimento do mercado e o aumento dos custos fez com que o número de fabricantes de chips se consolidasse de 25 em 2003 para apenas 3 em 2017.

Como o desempenho aumenta lentamente, isso torna o caso de chips especializados cada vez mais atraente, dizem os autores. As decisões de design que tornam os chips universais podem ser abaixo do ideal para certas tarefas de computação, particularmente aquelas que podem executar muitos cálculos em paralelo, podem ser feitas com menor precisão ou cujos cálculos podem ser feitos em intervalos regulares.

Construir chips especialmente projetados para esses tipos de tarefas muitas vezes pode trazer aumentos de desempenho significativos, mas se eles têm apenas mercados pequenos, eles normalmente melhoram mais lentamente e custam mais do que os chips universais. É por isso que sua aceitação tem sido historicamente baixa, mas com a desaceleração no progresso universal do chip que está começando a mudar.

Hoje, todas as principais plataformas de computação, de smartphones a supercomputadores e chips integrados, estão se tornando mais especializadas, dizem os autores. A ascensão da GPU como o carro-chefe do aprendizado de máquina – e cada vez mais da supercomputação – é o exemplo mais óbvio. Desde então, empresas líderes de tecnologia como Google e Amazon começaram a construir seus próprios chips de aprendizado de máquina personalizados, assim como os mineradores de bitcoin.

O que isso significa é que aqueles com demanda suficiente para seus aplicativos de nicho, que podem se beneficiar da especialização, verão aumentos de desempenho contínuos. Mas onde a especialização não é uma opção, o desempenho do chip tende a estagnar consideravelmente, dizem os autores.

A mudança para a computação em nuvem pode ajudar a mitigar um pouco esse processo, reduzindo a demanda por processadores especializados, mas de forma mais realista, será necessário um grande avanço na tecnologia da computação para nos empurrar de volta para o tipo de ciclo virtuoso que desfrutamos nos últimos 50 anos.

Dados os enormes benefícios que nossas sociedades colheram com o poder de computação cada vez mais aprimorado, realizar esse tipo de avanço deve ser uma grande prioridade.

Edd Gent para SingularityHub.