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Como a tecnologia exponencial está mudando a agricultura

É impossível falar na história da humanidade sem falar da agricultura. Afinal, foi com a domesticação de plantas alcançada há cerca de 12 mil anos, no período neolítico, que deixamos de ser caçadores e coletores nômades para nos fixarmos à terra. A civilização humana como a conhecemos teve seu início ali, incluindo o desenvolvimento das primeiras tecnologias, ainda ferramentas feitas de pau e pedra, e a organização de sistemas de conhecimento.

Agricultura, tecnologia, conhecimento. Esses três elementos da história humana estão vivendo um reencontro especial nos últimos anos, graças à aplicação de sofisticadas inovações ao cultivo de alimentos no campo, como aplicativos que usam inteligência artificial para apontar o momento certo de colocar as sementes na terra, drones para monitoramento, irrigação e administração de agrodefensivos e uso de blockchain para registrar todo o histórico de cada produto.

Drones são o novo arado

A MIT Technology Review listou seis usos possíveis para os drones na agricultura: análise do solo, plantação, aplicação de agrodefensivos, monitoramento da safra, irrigação e controle de pragas. Com as aeronaves não tripuladas, é possível, por exemplo, aumentar em 75% a taxa de absorção de nutrientes com uma redução de 85% nos custos, ou mesmo diminuir o uso de agrotóxicos graças a uma aplicação mais controlada e inteligente, causando danos menores ao meio ambiente.

Relatórios da PwC indicam que o mercado de drones para agricultura tem valor estimado em US$ 32 bilhões. Já o Bank of America Merrill Lynch projeta que este mercado representará 80% do setor de aeronaves não tripuladas até 2025.

Um SMS avisa a hora de semear

Na Índia, agricultores dos estados de Kartanata e Andra Pradesh vêm usando inteligência artificial para saber o período ideal das semeaduras. O sistema foi desenvolvido pelo Icrisat, instituição de pesquisa sem fins lucrativos que atua na Ásia e na África Subsaariana, em parceria com a Microsoft. A tecnologia foi implantada sem nenhum custo para os camponeses; tudo o que eles precisam é de um celular simples para receber as SMS com as melhores datas para colocar os grãos na terra.

Em junho de 2016, cerca de 170 agricultores do vilarejo de Bairavanikunta, que estavam participando do projeto piloto, deixaram para semear apenas no final do mês — o conhecimento tradicional e centenário da região diz que o correto é fazer isso na primeira semana. O resultado foi uma colheita 30% maior que o esperado.

Hoje, o software de inteligência artificial já atende a mais de 3 mil camponeses. Além disso, o sistema da Icrisat também fornece estimativas de preços de commodities, baseando-se em dados sobre as condições de tempo, o que pode fazer a diferença para governos e administradores na hora de planejar seus orçamentos.

A iniciativa não é a única a combinar inteligência artificial e agricultura. A Infosys vem desenvolvendo o Plant.IO, um projeto de código aberto que combina sensores, aprendizagem de máquina e realidade aumentada para que lavradores possam saber exatamente quais são as necessidades de água e nutrientes de suas plantações.

Blockchain: dos Bitcoins para os tomates

Mesmo o blockchain, a tecnologia de registro distribuído de dados por trás do Bitcoin e de outras moedas digitais, pode ser aplicado ao cultivo de produtos vegetais. Um exemplo disso é a startup Ripe. Fundada por dois ex-executivos do mercado financeiro — Raja Ramachandran, com passagem pela Wells Fargo, e Phil Harris, com experiência na Nasdaq —, a empresa conseguiu monitorar 200 tomates de 20 diferentes plantações de uma fazenda de 180 acres de Boston.

A propriedade é fornecedora da rede de restaurantes Sweetgreen, especializada em saladas e alimentos frescos. O projeto demonstra que é possível ter um rastreamento detalhado de cada item desde sua origem graças ao blockchain. Isso é bastante valioso para empreendimentos que valorizam a qualidade de seus produtos.

Combinadas, essas invenções nos ajudam a alcançar produções cada vez maiores, com impacto ambiental menor e uso mais eficiente dos recursos. A mais nova revolução agrícola é a revolução exponencial, que usa a tecnologia para alimentar a humanidade.

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Leia também sobre as características das organizações exponenciais.

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Como escolas irão formar os protagonistas da criação do nosso futuro

Sejamos sinceros: aquele mundo em que fazer uma boa faculdade era garantia de um bom emprego e de sucesso na carreira não existe mais. Afinal de contas, segundo uma pesquisa da Dell e do Institute for the Future (IFTF), 85% das profissões de 2030 ainda não existem. E, como não poderia deixar de ser, isso tem um impacto enorme na educação das próximas gerações.

As escolas e universidades cada vez mais se valem de recursos tecnológicos. Usar tablets na sala de aula e projeções 3D para uma melhor compreensão da matéria ou mesmo aderir à lógica dos games para gerar engajamento são formas de atender às demandas de uma geração que se relaciona com a informação e o conhecimento de maneira muito mais dinâmica.

Aliás, se a vida profissional e a sociedade como um todo estão mudando radicalmente, não faz mais sentido querer que a educação esteja restrita à memorização e ao acúmulo de informação. Os alunos precisam aprender a inovar desde cedo, para que possam ser protagonistas na criação desse novo mundo.

Uma sala de aula de cinema

Não dá para querer que crianças que cresceram brincando com videogames e celulares prestem atenção a um mero quadro negro e se dediquem somente a decorar o conteúdo. Se já estamos acostumados a colocar óculos para ver filmes no cinema, por que não levar o acessório para as escolas?

No futuro, nossos filhos poderão visualizar matérias que, antigamente, demandavam bastante imaginação dos alunos, como temas de química e biologia. Ao menos 13 colégios paulistanos já contam com projetores 3D para auxiliar professores nas explicações sobre detalhes da anatomia do corpo humano, particularidades dos diferentes tipos de triângulos, formato das estruturas moleculares de diversas substâncias e viagens pelos planetas mais distantes de nosso sistema solar.

Aprender brincando

Você certamente já se deparou com uma criança jogando ou vendo vídeos em um tablet. Não é à toa que dispositivos desse tipo são vistos como grandes aliados da educação. Algumas startups, inclusive, já exploram o potencial de ferramentas desse tipo.

É o caso da catarinense Playmove, que desenvolveu a mesa educativa PlayTable. Dotado de uma tela full HD de 21,5 polegadas, conexão Wi-Fi e tratamento resistente a choques e líquidos, o equipamento traz jogos e atividades para crianças com mais de três anos sobre diversos temas. Outro foco do produto é a acessibilidade, pois permite a utilização por alunos com necessidades especiais.

Segundo a Playmove, a PlayTable já foi adotada por mil instituições de ensino em todo o Brasil. A empresa foi convidada para participar da Spielwarenmesse, maior feira de brinquedos do mundo, em Nuremberg, na Alemanha. Além disso, a startup recebeu um aporte de R$ 2,6 milhões ao se tornar parte do fundo Criatec 3, que tem o BNDESPar como principal acionista.

Além de auxiliar no engajamento dos alunos, a chamada “gamificação” — nome dado à integração da lógica dos games a outras atividades — também desenvolve novas habilidades.

O pesquisador e professor de tecnologia digital Francisco Tupy trabalhou em seus estudos com o conceito de “media literacy” nos jogos, como é chamada a capacidade de entender, avaliar criticamente e criar diversas formas de mídia, como textos, programas de TV e, é claro, games. Em um mundo cada vez mais cheio de fake news, isso é essencial para formar os cidadãos do amanhã.

Educação para protagonizar o futuro

Inovar e empreender também são habilidades e, como tais, podem ser desenvolvidas com o auxílio da educação. Essa é uma das tônicas do projeto EdgeMakers, criado pelo ex-professor de Harvard John Kao. O sistema integra disciplinas de criatividade, design thinking e empreendedorismo à grade curricular a partir do sexto ano do ensino fundamental. Pelo menos 500 alunos de escolas brasileiras já participaram de pilotos da novidade.

Outra iniciativa que pretende capacitar jovens para que eles possam criar o futuro em que viveremos é a School 42. Fundada pelo bilionário francês Xavier Niel, a 42 já tem duas unidades — uma no Vale do Silício, nos EUA, outra em Paris, na França — e pretende dar aulas de programação para 10 mil pessoas nos próximos cinco anos. Os cursos são gratuitos e bastante concorridos. Não há professores na sala de aula, e os programas contam com alta carga de estágios, projetos práticos e muita, mas muita gamificação.

Desenvolver a capacidade de resolver problemas e encontrar soluções inovadoras parece ser o grande desafio da educação para os próximos anos. O futuro se apresenta como uma tela em branco, e cabe a nós e às próximas gerações ter a competência para preenchê-lo com novas formas e cores.